Fonte: Por Natasha Romanzoti em 28.04.2011 as 23:49
http://hypescience.com/fusao-a-frio-mito-ou-grande-promessa/
Fusão a frio: você sabe o que é isso? Algo não muito acreditado pela ciência. Na verdade, a premissa da fusão a frio (a ideia de que átomos em temperatura ambiente podem se fundir, liberando quantidades enormes de calor que podem ser usadas para gerar energia) parece mesmo violar os princípios fundamentais da física.
Mas caso essa premissa fosse verdade, seria a promessa de uma produção de energia segura, limpa e renovável indefinidamente. E, mesmo sendo desacreditada num geral, seus defensores continuaram trabalhando para provar que a fusão a frio realmente funciona.
No início deste ano, Andrea Rossi e Sergio Focardi, pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália, afirmaram ter construído uma nova máquina de fusão a frio comercialmente viável, chamada “catalisador de energia”, ou E-cat.
Segundo os pesquisadores, o reator funde núcleos atômicos de níquel e hidrogênio, transformando 292 gramas de água a temperatura de 20 graus Celsius em vapor quente, gerando 12.400 watts de energia (e usando apenas 400 watts de energia no processo). Ou seja, um ganho bastante grande.
Bom demais para ser verdade? Talvez. Rossi e Focardi não afirmam saber como essa fusão a frio realmente funciona, e ainda evitam dar detalhes sobre o design da máquina, argumentando de que não estão protegidos por patentes ainda.
Além do mais, peritos do Departamento de Energia (DOE) dos EUA realizaram duas revisões completas sobre pesquisas de fusão a frio no passado – uma em 1989 e outra em 2004 – e não se convenceram nem pela teoria nem pelos resultados experimentais.
Por outro lado, a E-Cat parece funcionar. Na semana passada, os pesquisadores demonstraram seu funcionamento para duas pessoas confiáveis: Hanno Essen, um físico teórico do Instituto Real de Tecnologia da Suécia e presidente da Sociedade Sueca de Céticos, e Sven Kullander da Universidade de Uppsala e presidente do Comitê de Energia da Academia Real das Ciências da Suécia.
Os convidados aprovaram a máquina. Relataram que o excesso de calor produzido parece realmente ter sido originário de um processo químico.
Os inventores italianos planejam comercializar a máquina, e o governo grego está até pensando em oferecer subsídio.
O assunto é bastante polêmico, entretanto, já que a maioria dos cientistas, inclusive a DOE, desprezou e criticou a fusão a frio por muito tempo. Mas, lembram alguns pesquisadores, por menos aceita pela comunidade científica que seja, ao longo dos anos esse efeito continuou a ser visto.
E porque a fusão a frio é tão desacreditada? O que ela tem de tão impossível ou diferente?
Em resumo, parece que a fusão a frio envolve um novo tipo de processo nas reações de núcleos. A diferença essencial é que, em física nuclear convencional, quando a energia nuclear é liberada, sai como radiação nuclear. Neste processo, não há nenhuma radiação, o que implica que há um novo mecanismo físico envolvido.
Outra diferença é que os atuais reatores nucleares geram eletricidade incentivando reações de fissão (quebrando átomos), enquanto a fusão a frio é um processo no qual átomos se fundem espontaneamente.
Os físicos afirmam: átomos simplesmente não fundem. Entre dois átomos há uma repulsa elétrica muito grande, chamada de barreira de Coulomb. Vencer essa barreira exige uma quantidade enorme de energia, e para que isso aconteça, é preciso temperaturas como as do sol, onde as partículas estão se movendo muito rápido e podem superar a barreira de Coulomb para fundir.
É fato que a mecânica quântica, as leis de probabilidade do universo, permite a possibilidade real, ainda que minúscula, de duas partículas “pularem por cima” da barreira de Coulomb e se fundirem mesmo em temperatura ambiente – mas essa é uma chance inconcebivelmente improvável.
Alguns físicos teóricos estimam que a chance de isso acontecer é de 1 em 1-com-40-zeros. Pequena, mas não zero, de forma que é difícil dizer que a fusão a frio não pode acontecer.
E esse tipo de situação cria muitas dificuldades. A comunidade de pesquisa não financia estudos de fusão a frio. Os trabalhos são categoricamente rejeitados pela maioria das revistas científicas e o escritório de patentes americano rejeitam todas as patentes que têm a ver com isso.
A falta de proteção da patente reprime o progresso no campo, já que os pesquisadores não revelam totalmente seus projetos experimentais. Sem ver a máquina dos italianos Rossi e Focardi, ninguém vai acreditar.
Mas os trabalhos podem começar a ganhar mais espaço, principalmente pela apresentação de resultados semelhantes. Na maioria dos casos, a reação de fusão com a suposta explosão de calor parece ocorrer quando o hidrogênio, os seus isótopos deutério e trítio, são injetados em um metal tal como o paládio. A presença do metal parece aumentar de alguma forma a probabilidade de que a fusão ocorra na ordem de 40, embora ninguém saiba por que.
O problema principal é que os resultados experimentais no campo raramente são repetíveis. Ninguém foi capaz de demonstrar que a fusão a frio funciona de forma consistente. Em alguns casos, uma injeção energizada de hidrogênio, deutério ou trítio em um metal leva a uma onda de calor, mas em outros casos não.
Alguns cientistas argumentam que o que a fusão a frio precisa é de reprodutibilidade total. Se mais testes pudessem ser feitos na E-cat, talvez mais pesquisadores deixariam de ser tão céticos quanto a ideia. [
LifesLittleMysteries]
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A fusão a frio é uma reação da fusão nuclear que ocorre em condições de baixíssima temperatura em vez dos milhões de graus requeridos para reações da fusão do plasma. A fusão a frio é o termo popular usado para o que é chamado agora "energia fraca". A reivindicação inicial da fusão a frio foi relatada primeiramente por Martin Fleischmann e por Stanley Pons na Universidade de Utah em Março de 1989. Este anúncio era notícia de primeira página por algum tempo, e gerava uma controvérsia incrível, mas o debate público diminuído rapidamente e a fusão fria foram rejeitados geralmente pela comunidade científica. Apesar disso, depois de 1989, muitos cientistas observaram experimentalmente excesso de calor,trítio, hélio e mutações nucleares. Estas experiências usam uma grande variedade de métodos. Em janeiro de 2011, o engenheiro italiano Andrea Rossi apresentou a professores da Universidade de Bolonha, na Itália, um dispositivo que alegadamente realiza fusão a frio (ou reações nucleares de baixa energia - LENR na sigla em inglês), utilizando gás hidrogênio comum e níquel em pó, o qual recebeu o apelido de Energy Catalyzer (E-Cat). Após a demonstração de janeiro, várias outras demonstrações foram realizadas, e Andrea Rossi afirma que em outubro de 2011 entrará em funcionamento na Grécia a primeira usina de 1 megawatt baseada nesta tecnologia.[1][2][3][4] No final de maio de 2011, Dennis M. Bushnell, um cientista-chefe[5][6] da NASA, afirmou em uma entrevista ao site "EV World" que as reações nucleares de baixa energia (LENR) representam a tecnologia em fase de desenvolvimento "número um" (a primeira em relevância) no cenário mundial atual, e que tal tecnologia pode vir a introduzir grandes mudanças geoeconômicas e geopolíticas e "resolver os problemas climáticos". Na entrevista, Bushnell menciona especificamente o "Energy Catalyzer" desenvolvido por Andrea Rossi, o qual acredita estar efetivamente produzindo energia em excesso, creditando tal feito a reações que poderiam ser explicadas pela teoria de Widom-Larson.[7] - Aspden, Harold, Cold Fusion Lectures and Essays, 1998 (html disponível). Descreve em primeira mão os esforços e experiências no desenvolvimento da fusão nuclear a frio, incluindo a obstrução e hostilidade de agências estatais e da indústria; apresenta também a descrição das patentes GB Patent no. 2,231,195 (1993) e U.S. Patent no. 5,734,122 (1998) deste físico teórico e engenheiro electrotécnico.